quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sem que eu pedisse. Drummond




Sem que eu pedisse,
fizeste-me a graça


Sem que eu pedisse,
fizeste-me a graçade magnificar meu membro.


Sem que eu esperasse,
ficaste de joelhos em posição devota.


O que passou não é passado morto.
Para sempre e um diao pênis recolhe a piedade osculante de tua boca.


Hoje não estás nem sei onde estarás,
na total impossibilidade de gesto ou comunicação.


Não te vejo não te escuto não te apertomas tua boca está presente, adorando.


Adorando.


Nunca pensei ter entre as coxas um deus.



Carlos Drummond de andrade

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Stradivarius






Quero você antes que o dia amanheça,

Antes do sol nascer,

Nesta noite de lua tão bela,

Branca...
Pura...
Nua...


Quer dançar comigo?


Venha,

Dispa-se e me mostre sua alma,
Pois a minha nesta noite é sua.

Possua-me com sua fúria louca,
Que queima em fogo ardente.

Quero que suas mãos de veludo,
Descubra a topologia do meu corpo.

Quero percorrer minunciosamente,
A topografia de meu membro.

Quero sentir seu corpo junto ao meu,
Sentir o perfume de seu suor misturado ao meu.

Quero sentir o cheiro do seu sexo.


Me faz fêmea,
Me faz sua!


Day Camara

Poemeto Erótico




Teu corpo de maravilha,
Quero possuí-lo no leito
Estreito da redondilha...

Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa... flor de laranjeira...

Teu corpo, branco e macio,
É como um véu de noivado...

Teu corpo é pomo doirado...

Rosal queimado do estio,
Desfalecido em perfume...

Teu corpo é a brasa do lume...

Teu corpo é chama e flameja
Como à tarde os horizontes...

É puro como nas fontes
A água clara que serpeja,
Que em cantigas se derrama...

Volúpia da água e da chama...

A todo momento o vejo...
Teu corpo... a única ilha
No oceano do meu desejo...

Teu corpo é tudo o que brilha,
Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa, flor de laranjeira...
Bandeira

O BEIJO - LINGUAGEM DO CORPO

“De todos os lugares do corpo que o beijo visita, geralmente o mais cantado ainda é a boca, talvez porque a carne enfim nela aflore como em si mesma, vermelha, redonda, desejável, e que ela se abra nesse ponto, como um fruto, ao meio.”Cahen





O Beijo - Klimt





O beijo na boca não poderia ser explicado apenas levando em consideração a estética, pois ele está associado também a sua própria história.
Não se sabe ao certo sua origem, mas as referências mais antigas datam de 2.500 a.C., registradas nas paredes dos templos de Khajuraho, na Índia.




O Beijo, 188-1889. Auguste Rodin, Museu Rodin.



Foi a partir do Renascimento que o beijo perdeu sua função oficial e sagrada. O beijo que antes era tido como um ato de paz entre os fiéis e o clérigo, passou a ter conotação erótica.
Atualmente, os fiéis católicos partilham a paz com um aperto de mão. Os únicos beijos sagrados ainda praticados são os do sacerdote durante os atos litúrgicos
O beijo erótico é comum na cultura ocidental, árabe e hindu. Em algumas sociedades, o beijo é totalmente desconhecido, como entre os Somali, Cewa, Lepcha e Sirionó. Em outras, o beijo é repugnante, como no caso dos Tongas, do sul da África. Estes consideram os contatos boca-a-boca revoltantes, devido à possibilidade de troca de saliva.





O Beijo, 1892. Edvard Munch



O beijo está presente em momentos marcantes da história, das artes e da literatura, como o sopro divino de Deus em Adão, o beijo de Judas em Cristo, o beijo de Drácula e os beijos dos contos de fadas.
Sua origem é desconhecida, mas é aceita uma teoria evolucionista de que o beijo tenha raízes no ato das mães alimentarem os filhos boca a boca na pré-história. Por sua vez, para a Psicologia, o beijo pode estar relacionado ao ato da criança sugar o seio da mãe.




Terracota do séc. I d.C, de origem romana. Museu Britânico de Arte.

Culto Fálico

Falicismo é o culto ao falo ou lingan (pênis), e ao yoni (vulva). O termo falo deriva do grego phallós que é a representação do órgão sexual masculino como símbolo de fertilidade e força.
A celebração do sexo é tão antiga quanto a história da humanidade. Nos registros arqueológicos de povos primitivos há uma mistura de representações de ações mágicas no mistério da criação e frágeis associações do pênis ao poder reprodutor.
Reverenciavam, então, aquilo que não podiam compreender, mas que temiam perder caso não fosse demonstrado o valor que merecia.



Menires fálicos em Filitosa, na Córsega










Ruínas do Templo da Fertilidade, erguido pelos Incas, entre os séculos XII e XIII, em Puno, Peru.

POESIA CLÁSSICA HINDU


De Amaru

Século VII d.C.


Com mãos aflitas suas vestes busca,
a desfeita grinalda atira à lâmpada,
rindo confusa, e só procura ansiosa cobrir-se aos olhos meus.
Ah como é doce fitá-la assim, depois que nos amamos!

Dois reis em guerra são, amor,
teus seios, que o reino do outro cada um deles invade.

Enquanto dormes, tuas vestes se abrem:
não é um sinal para dormirmos juntos?

Tão firmes são suas ancas, de tão suave interior,
que não há no mundo imagens para dizê-las melhor.

Jogamos ambos aos dados o que entre as pernas jazia.
Mas mesmo que um só ganhasse – quem ganhava e quem perdia?

Quando ele quis ver-lhe os seios, num forte abraço o cingia.
Quando quis beijar-lhe os lábios, a pintura destingia.

E os dedos dele prendeu nas pernas que forte unia.
E ao desejo não cedia, que ela era quem acendia.

Os Amores - Ovídio



Sob meu pescoço ela pôs os braços ebúrneos,
Mais alvos do que a neve da Sitônia;
Colocou, entre beijos de línguas cobiçando-se,
Suas coxas lascivas sob a minha,
E me chamou seu dono e me disse coisas ternas,
Com as banais palavras de costume:
Qual se tocado por cicuta glacial, meu membro
Frouxo abandonou o seu intento.
Tronco inerte ali fiquei, fantasma, peso inútil,
Sem saber se era corpo ou se era sombra.
Na velhice que futuro me espera, se a própria
Juventude malogra em seus deveres?


Ovídio

Os Amores VII: 7-18 e 63-84

I Can't Get No





Vontade louca,
Vontade desatinada,
Vontade que não passa,
Vontade de sentir seu ser faminto,
Vontade de sentir sua virilidade
penetrando meus lábio,
Querendo satisfação.

The order now is satisfaction!

Evasão no meu ser
Na volúpia busca,
Sem querer te invadir
Descobrindo o espaço.


Venha Caiu Júlio Cesar,
Deixe-me cubrir seu Imperio de glórias.
Impere os sentidos na minha cama,
Governe minhas terras desconhecidas.
Venha Baco,
Me banhe em vinho tinto de desejo,
Deflore minha alma caliente.
Mostre o caminho do seu prazer,
Desvende as delícias que quero descobrir.

Sem ontem,

Sem amanhã,

Mas com toda a intensidade que o Agora pode proporcionar...

Quero você agora!


Day camara